ECONOMIA
INDÚSTRIA CORTICEIRA
O papel dos catalães migrantes do século XIX e que, com o conhecimento que trouxeram acerca da Indústria Corticeira, transformaram Azaruja num importante centro industrial com características muito próprias.
O surgimento das primeiras fábricas de cortiça deveu-se à iniciativa de um inglês, Tomás Reynolds, que em 1844 funda uma fábrica em Estremoz, onde na altura trabalhavam entre 60 e 70 operários, iniciando no ano seguinte o estabelecimento de uma outra fábrica na Azaruja.
Sobre o estabelecimento desta fábrica se pronunciou o governador civil da altura, considerando que a mesma «pode vir a ser summamente interessante por dar emprego a uma matéria prima inda ha poucos annos inaproveitável; pelos numerosos capitais que emprega; e ultimamente por deixar no país o valor da mão d’obra».
A direção técnica da fábrica, instalada na Azaruja, foi entregue ao catalão André Camps, razão por que a fabricação de rolhas se processava de acordo com o método catalão ou de cutelo fixo. Nesta fábrica, o trabalho de talhar e escolher a cortiça segundo as suas variedades era, em 1845, executado por 8 catalães provenientes de Barcelona, aguardando-se a chegada de novos operários, também catalães, para se dar início ao fabrico de rolhas.
O desenvolvimento que a indústria de fabricação de rolhas de cortiça conheceu na Azaruja tornou esta localidade um ponto de referência dos operários rolheiros. «Perguntad a Ia mayor parte de los fabricantes de Portugal, encargados, gefes de taller y operários adonde aprendieron a fabricar corcho; y os responderan: en Azaruja.» (Matos, 1991)
Atualmente em Azaruja estão a laborar cerca de 10 fábricas nas áreas da preparação e transformação de cortiça, granulado e artesanato. Em Azaruja existe um Parque Industrial que acolhe grande parte do tecido empresarial da freguesia, e que permitiu a deslocalização de algumas empresas que estavam instaladas no núcleo urbano. Além da atividade corticeira existem ainda empresas ligadas ao setor da construção civil, alimentar e vidreira.
Em vias de desaparecer está ainda uma indústria que continua a ser muito importante para Azaruja, cuja qualidade permitiu que esta localidade fosse conhecida além-fronteiras. A Cutelaria Franzina fabricou durante um século a chamada “Faca Corticeira”, que mais tarde se adaptou ao uso doméstico. A Faca Corticeira é assim conhecida porque começaram por ser feitas através de métodos artesanais, com o desperdício das facas com que se trabalhava a cortiça em Azaruja. São hoje conhecidas de norte a sul de Portugal e no estrangeiro, onde os emigrantes tiveram um papel fulcral na sua divulgação.
Fabricadas em aço inoxidável dos melhores existentes na Alemanha, Suécia e na Áustria, as Facas Franzina são uma referência na indústria da cutelaria portuguesa.